Entre os dias 28 de fevereiro e 4 de março de 2025, doze jovens entre 13 e 15 anos viveram uma das experiências mais marcantes de suas vidas. A primeira turma do Projeto Azimute, iniciativa da Outward Bound Brasil (OBB) em parceria com a ONG Favela Radical, embarcou em uma expedição transformadora na Serra da Mantiqueira, em Itamonte (MG).
O projeto foi viabilizado graças à campanha anual de financiamento coletivo realizada em novembro de 2024, que arrecadou recursos para 24 bolsas integrais destinadas aos jovens do Favela Radical, localizado na comunidade do Turano, no Rio de Janeiro.
Durante cinco dias de imersão na natureza, os participantes enfrentaram desafios físicos e emocionais, desenvolveram habilidades de trabalho em equipe, resiliência e autoconfiança, e refletiram sobre seus projetos de vida. A expedição foi conduzida pelos instrutores da OBB, Moaci Judson e Armando Galassini, e acompanhada pelo fundador do Favela Radical, Jefferson Quirino, além do cinegrafista e fotógrafo Abelardo Walsh, que registrou toda a jornada.

A expedição do Projeto Azimute com o Favela Radical é um marco de transformação e esperança. Para os jovens que participaram, foi o início de uma nova forma de enxergar o mundo — e a si mesmos. Um verdadeiro lembrete de que, quando se encontra o próprio azimute, nenhum destino é inalcançável.
Um dos momentos mais especiais foi a presença da montanhista e embaixadora do Projeto Azimute, Aretha Duarte, que acompanhou os jovens durante toda a travessia.
Aretha Duarte tornou-se embaixadora do Projeto Azimute em agosto de 2024, trazendo para a iniciativa sua história de superação e empoderamento. Em 2021, ela fez história ao se tornar a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao cume do Monte Everest, um marco que inspira jovens em todo o país.

O Projeto Azimute da Outward Bound Brasil é voltado para jovens de comunidades urbanas que enfrentam desafios sociais e econômicos. Inspirado no conceito de “azimute” — o ângulo que indica a direção em uma expedição —, o projeto convida os participantes a refletirem sobre seus rumos e a construírem seus próprios caminhos.
A metodologia da Outward Bound, presente em mais de 35 países, é baseada na educação experiencial ao ar livre, combinando desafios na natureza com momentos de reflexão e aprendizado. O foco vai além das habilidades técnicas de acampamento ou trilha: busca o fortalecimento de competências socioemocionais, como liderança, colaboração, empatia e autoconfiança.

Fundado em 2017 por Jefferson Quirino, o Favela Radical nasceu no Morro do Turano, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ONG atende atualmente cerca de 200 jovens, unindo esportes, tecnologia, educação e sustentabilidade para promover o desenvolvimento integral e o protagonismo juvenil.
O projeto oferece atividades que incentivam o crescimento pessoal e profissional dos participantes, ajudando-os a desenvolver uma visão positiva sobre o futuro e sobre o papel de cada um na transformação da comunidade.
Foi bastante intensa, uma mistura desafiadora de responsabilidade, expectativas e execução para proporcionar uma aventura segura e que fizesse sentido para o momento de vida de cada jovem.
Atitudes e comportamentos simples que se fazem necessários no dia a dia da expedição como; olhar atento a paisagem, escuta plena do ambiente, busca por água para se hidratar e cozinhar, procurar o caminho a seguir e navegar pelo desconhecido, lidar com conflitos em grupo, podem gerar ótimas conexões e impulsionar os jovens a assumir mais desafios e serem protagonistas de suas vidas.
Sim, em especial no reconhecer e tomar consciência do quanto são capazes de assumir novas responsabilidades e realizar objetivos altamente desafiadores e fora da zona de conforto. Com o passar dos dias houve melhora nos processos de comunicação e organização de tarefas.
O fato da transformação acontecer através de uma expedição autônoma na natureza. Ao nosso conhecimento não existe outra organização sem fins lucrativos no Brasil que ofereça esse tipo de vivência na natureza onde os desafios são reais, onde as conquistas são autênticas e por isso o impacto é tão profundo.
Educação experiencial é importante na formação de qualquer idade, seja crianças, jovens ou adultos. Educação experiencial traz o aprender através da ação, através do fazer. Erro e acerto fazem parte desse processo e como esse processo é mão na massa, então ele não é teórico, mas é prático, ele acelera certos processos de aprendizagem, principalmente quando a gente fala de habilidades e capacidades socioemocionais. Então aqui a gente tem uma ferramenta que ela é real e ela catalisa o processo de desenvolvimento dos jovens.
Aqui a gente está falando de captação de recursos e também parcerias com outras ONGs. Uma vez por ano a OBB faz um financiamento coletivo através do portal Benfeitoria onde arrecadamos dinheiro para o projeto e quantidade arrecadada determina quantos jovens conseguiremos atender. Também é possível que empresas apoiem com patrocínios edições do programa.
Nós temos estudos que demonstram que um participante impacta indiretamente outras 30 pessoas. Então o participante do projeto Azimut, número 1, passa a acreditar mais em si nas suas capacidades e habilidades. Ao fazer isso, ele ousa fazer coisas que antes ele não tinha essa autoconfiança de realizar. Com isso ele acaba meio que contaminando positivamente a sua comunidade. E ele também aplica ferramentas socioemocionais como liderança, trabalho em equipe e resolução de conflitos na sua comunidade. Então ele transporta aquilo que aprendeu em campo de maneira prática para sua vida, para o seu dia a dia.
Desde que comecei a trabalhar com montanhismo em 2011, ouvia falar sobre a OBB, mas somente em 2024 essa instituição me apresentou em detalhes. Foi paixão à primeira vista! É incrível perceber que aquilo que eu já acreditava estava sendo promovido pela empresa. A montanha é escola pra vida.
Foi durante o festival Mountain Festival em São Bento do Sapucaí – SP que a Mônica, que atua na Comunicação da OBB, se conectou comigo e falou mais do projeto. Seguimos por mais alguns meses em conversa para que eu soubesse mais de todos os cursos e fui surpreendida em agosto, quando a OBB me convidou para ser a embaixadora do Projeto Azimute. Procurei entender quais eram as expectativas da OBB sobre mim e em seguida topei. Com muito orgulho sou a embaixadora deste projeto que promove educação e transformação de vidas de muitos jovens, especialmente àqueles em vulnerabilidade.
Na saída com os jovens da Comunidade do Turano (RJ) eu pude contribuir nos cuidados com a segurança e estimulando-os em parceria com os instrutores, no entanto minha maior contribuição aconteceu no momento que fizemos uma roda para eu apresentar numa palestra de 15 minutos sobre a minha história e projeto Da Sucata Ao Everest da qual todos os jovens se identificaram muito pelo fato de eu também morar na periferia, ser mulher e negra. Com a minha história os jovens entenderam que todos podem sonhar e realizar.
O impacto social que o esporte promove é gigante e felizmente mensurável. Percebe-se através de avaliações diárias que os participantes se tornam mais confiantes, empáticos, solidários, responsáveis, disciplinados e organizados.
Do que depender de mim enquanto embaixadora do projeto Azimute, conduziremos muitos mais grupos de jovens do Brasil para esta rica experiência, o que nos levará para uma sociedade cada vez mais empoderada, consciente e responsável. Transformaremos os jovens em protagonistas de suas histórias, cheios de conquistas, mas também em multiplicadores do bem e do cuidado e valorização de suas comunidades.
A conexão do Favela Radical com Azimute proporciona expansão de possibilidades de transformação. Os jovens da ONG aprenderam fazendo, experimentaram desafios e superaram na prática. Dessa forma a aprendizagem e desenvolvimento socioemocional não se limita, na verdade se eterniza. Foi incrível!
Eu conheci a Aretha em 2022 logo assim que ela retornou do Everest, através de um amigo incomum, aproveitamos uma agenda que ela tinha no RJ e ela fez uma visita no nosso projeto e nunca mais se desconectamos.
A Aretha é embaixadora no Favela Radical e sempre está engajando parceiras que potencialize nosso projeto, ela comentou sobre essa parceira com a OBB e nos apresentou o Fish que tinha uma proposta de parceria com os nossos alunos.
Nossa experiência foi bem desafiadora, estivemos com alunos que não tinham a menor referência sobre esse tipo de expedição, muitos deles sequer haviam viajado para fora do estado algum dia, porém o desconhecido somado às altas expectativas, nos deu o resultado de um processo de aprendizagem muito rico, onde pudemos aprender que além das dinâmicas propostas pelos instrutores, o relacionamento humano também é um prioridade,e que se agrega bastante a toda experiência, estivemos com adolescentes com uma potencia gigante, diamantes brutos, que precisam ser lapidados e o Azimute foi uma peça fundamental nesse processo.
Eu tenho a crença de que nossas iniciativas se complementam e agregam de forma positiva em todo o processo de desenvolvimento pedagógico na formação dos nossos alunos, parcerias como essa, fortalecem um ciclo de desenvolvimento e cria-se diversas opções de escolha e formas de se formar como indivíduos, tendo em vista que todo o percurso e dinâmica proposta na expedição te provoca a reflexões e estimula a sua capacidade criativa em solucionar problemas.
Enxergo que os resultados visíveis da experiência, será vistos em médio e longo prazo, pois foi forte e impactante para eles, porém percebo que a partir das falas deles em nosso primeiro encontro pós aventura, já percebo um empoderamento mas seguro em suas falas e postura, permitindo-nos trabalhar às primeiro as percepções deles a partir de uma nova perspectiva, que foi profunda e desafiadora para todos que participaram
Meu nome é Nicholas tenho 15 anos faço parte do favela radical pratico skate e surf.A experiência de praticar montanhismo foi incrível e transformadora. Muitos participantes relataram que a sensação de estar em contato com a natureza, superando desafios e alcançando novos cumes, trouxe uma satisfação única. Decidimos participar porque sempre queríamos uma nova experiência ao ar livre e queríamos explorar nossos limites físicos e mentais. Além disso, a oportunidade de conhecer pessoas com interesses semelhantes e compartilhar momentos de superação foi um grande atrativo.
A maioria dos participantes expressou não continuar praticando montanhismo. A atividade não só proporciona um excelente exercício físico, mas também promove um senso de comunidade e camaradagem. Muitos se sentiram motivados a explorar novas trilhas e montanhas, e a ideia de participar de expedições futuras é empolgante. O montanhismo se tornou mais do que um hobby; é uma forma de vida que traz alegria, desafios e um profundo respeito pela natureza. Portanto, a vontade de continuar nessa jornada é forte e cheia de expectativas para novas aventuras. Quero agradecer Outward Bound Brasil e Aretha muito obrigado. Bom a viagem com a OBB foi bastante interessante, foi uma experiência com vários desafios, que na nossa cabeça parecia impossível, porém nada que um apoio físico e mental não resolva
Eu decidi fazer esse acampamento, para criar novas memórias, ter novas experiências, descobrir mais sobre a natureza e como era a vida na montanha, além de estar ao lado de pessoas maravilhosas que são meus amigos. Fazer esse novo desafio com eles tornou o acampamento mais divertido.
Esse esporte não é muito minha praia, mas admiro quem pratica, pois não é fácil ficar longe de pessoas que amamos, fora que tem que trabalhar muito a comunicação, fora os banhos né bom eu no segundo dia já estava louca para tomar um banho e olha que só foi 1 semana na montanha, acho que se fosse mais eu não aguentaria. Amei a experiência, muitas coisas me serviram de aprendizado