Tomada de Decisão em Ambientes Desafiadores

Tomada de Decisão em Ambientes Desafiadores

Fotos: Leandro Cagiano

TOMADA DE DECISÃO EM AMBIENTES DESAFIADORES

A experiência de uma expedição da Outward Bound Brasil oferece um ambiente rico para prática e o aprendizado sobre tomada de decisão, especialmente quando enfrentamos o desconhecido. 

Se pegarmos como exemplo o curso Outward Leaders da OBB, cada remada é uma decisão que carrega consigo a possibilidade de enfrentar consequências imediatas e claras, como mudanças súbitas do clima. 

Tais experiências destacam a complexidade dos ambientes desafiadores, onde a falta de informações completas é a norma, e os modelos preditivos podem falhar em antecipar mudanças rápidas no microclima.

Image

A tomada de decisão, neste cenário, se apresenta sob duas luzes principais: a intuitiva e a racional (sempre a partir de uma racionalidade limitada). A primeira é rápida, baseada em experiências passadas e sensações guturais, enquanto a segunda é deliberada, envolvendo análise e ponderação de opções. Para entendermos quando fazer uso de uma abordagem ou outra, recomendo o trabalho de Robin Hogarth que propõe uma distinção entre ambientes de aprendizado generosos e perversos, a.k.a. Wicked ou Kind. 

Image

Um ambiente de aprendizado generoso, é aquele em que os padrões se repetem, idealmente uma situação é restrita - exemplo, um tabuleiro de xadrez com regras muito rígidas, ou seja:

- Todas as informações estão disponíveis para a tomada de decisão.

- Toda vez que você faz algo, você obtém feedback totalmente óbvio

- O feedback é rápido.

E isso é xadrez, e isso é golfe: você faz alguma coisa, toda a informação está disponível, vê as consequências que são completamente imediatas e precisas, e você se ajusta de acordo. E nesses tipos de ambientes de aprendizado "gentis", se você estiver engajado cognitivamente, ficará melhor apenas realizando a atividade.

Nesse caso, uma abordagem de Tomada de Decisão Naturalista ou Intuitiva faz muito sentido. 

Image

No extremo oposto do espectro, existem ambientes de aprendizado "perversos". 

- Muitas ou algumas informações para a tomada de decisão estão ocultas. 

- O feedback pode ser confuso.

- O feedback demora para vir e pode ser pouco frequente ou até inexistente.

Muitas decisões no trabalho e na nossa vida precisam ser tomadas em ambientes assim.  

Image

Portanto, os ambientes de aprendizado mais perversos reforçarão os tipos errados de comportamento, já que nesses ambientes, os vieses cognitivos muitas vezes se disfarçam de intuição.

Em uma expedição, assim como na vida, é crucial desenvolvermos a capacidade de distinguir entre uma genuína percepção intuitiva e um possível viés mascarado.

Image

O método FIRE, proposto por Spencer Greenberg, oferece uma estrutura valiosa para essa distinguir quando o uso da intuição pode ser útil. FIRE é um acrônimo para:

F - Fast - Não temos tempo.

I - Irrelevante, não vale a pena investir tempo.

R - Repetição, quando decisões semelhantes são tomadas muitas vezes. 

E - Evolutivo - Quando um processo evolutivo já gerou heurísticas eficientes.

Este método nos encoraja a avaliar a situação com um olhar crítico e a coletar informações adicionais quando possível, antes de confiar na nossa intuição ou proceder com uma análise mais profunda. Quando estamos no meio do oceano, com a flotilha de caiaques sendo coberta por nuvens estranhas que não estavam previstas, seguimos um processo de tomada de decisão mais rápido, fazendo uso de heurísticas ou regras de ouro que privilegiam a segurança do grupo. Quando estamos em terra, planejando a rota e o dia, seguir a intuição passa a ser uma ideia ruim, e um plano mais estruturado que avalia diferentes fatores e tenta minimizar vieses parece fazer mais sentido. 

Esta abordagem dual, que equilibra intuição e racionalidade, é fundamental não apenas em aventuras ao ar livre, mas também no ambiente de trabalho. No mundo corporativo, decisões são frequentemente tomadas com informações incompletas e sob pressão de tempo. A habilidade de alternar entre tomada de decisão intuitiva e racional, de acordo com o contexto e as informações disponíveis, é uma competência inestimável para liderar com eficácia e tomar decisões acertadas.

 

Image

OUTWARD LEADERS – 7 ou 9 DIAS

O programa Outward Leaders é uma expedição autossuficiente de 9 dias em caiaques oceânicos, focada nos temas de liderança e tomada de decisão. Durante essa jornada, os participantes terão a oportunidade de desenvolver habilidades socioemocionais e competências interpessoais, praticar valores fundamentais da Outward Bound e explorar a região da Baía de Ilha Grande, RJ. Destinado a Bounders maiores de 18 anos, o programa oferece uma experiência transformadora em meio à natureza, onde os participantes aprofundarão suas habilidades de liderança e tomada de decisão, além de aprenderem técnicas de canoagem oceânica.
 

Desenvolva seu estilo de liderança corporativa através da canoagem

Artigos Relacionados

Assine a Newsletter

 * campos obrigatórios
 

Nossa sede no Brasil

Rua Felipe Galvão Pereira, 160 - Vila Loli - 12467-372 Campos do Jordão - SP

Pesquisar